27/07/2025
Na noite do último domingo (21), agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) foram até a casa de Oruam, no bairro do Joá, Zona Oeste do Rio, para cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente de 17 anos, conhecido como “Menor Piu”. O menor, que é apontado pela polícia como um dos principais ladrões de carro do estado, estaria vivendo na residência do artista.
Segundo a Polícia Civil, no momento em que o menor saiu do imóvel, os agentes o abordaram. Foi então que Oruam e outras pessoas surgiram na varanda e começaram a hostilizar os policiais, com xingamentos e até arremesso de objetos. Um dos agentes teria sido atingido e ferido. Durante o tumulto, um homem do grupo foi detido em flagrante, enquanto Oruam e os demais conseguiram fugir.
Minutos após a ação, Oruam usou as redes sociais para relatar o episódio ao vivo. Ele criticou a operação, alegou abuso policial e pediu apoio aos seguidores: “Quem tiver de moto, brota no Joá… Me ajuda, eles estão aqui na minha porta”, disse ele em vídeo.
Em outras postagens, o cantor também chegou a provocar as autoridades: “Quero ver vocês me pegarem dentro do Complexo”, afirmou, referindo-se ao Complexo da Penha, reduto da facção Comando Vermelho, da qual seu pai, Marcinho VP, é apontado como líder.
Na madrugada de segunda-feira (22), a Justiça aceitou o pedido da Polícia Civil e decretou a prisão preventiva de Oruam. Ele foi indiciado por sete crimes: tráfico de drogas, associação para o tráfico, resistência, desacato, dano ao patrimônio, ameaça e lesão corporal.
A Secretaria de Polícia Civil afirmou que esta já seria a segunda vez que um membro do tráfico é localizado dentro da casa de Oruam. Para o secretário Felipe Curi, o artista “frustrou uma ação legítima do Estado”, agiu de forma criminosa e possui ligação direta com o tráfico.
Horas após o mandado ser expedido, Oruam publicou um vídeo dizendo que se entregaria voluntariamente: “A todos vocês que gostam de mim, vou me entregar. Não sou bandido. Eu errei. Desculpa aí todo mundo”, declarou o artista.
No fim da tarde de segunda, ele se apresentou na Cidade da Polícia, acompanhado da mãe, do irmão e de seus advogados. Abatido, falou rapidamente com a imprensa: “Só pedir desculpa mesmo. Dizer que eu amo muito meus fãs. Eu vou dar a volta por cima, tropa. Estou com Deus e tá tranquilão. Sou forte!”
A defesa de Oruam nega todas as acusações e diz que o cantor não sabia que o menor era procurado. Segundo os advogados, o rapaz apenas deveria retornar a uma unidade socioeducativa, e não havia qualquer mandado de prisão criminal contra ele.
Eles também acusam os agentes de abuso, alegando que a abordagem foi feita sem mandado de busca, com uso excessivo de força, e que Oruam foi ameaçado mesmo sem oferecer resistência. Em nota, a equipe jurídica afirmou que o funkeiro está sendo alvo de perseguição e racismo estrutural, especialmente por ser filho de Marcinho VP e artista oriundo da periferia.
Na terça-feira (23), Oruam passou por audiência de custódia, onde a Justiça decidiu manter sua prisão preventiva. Ele foi transferido para o presídio de Bangu 3 e recebeu classificação de preso de “alta periculosidade”, o que indica um tratamento mais rígido dentro do sistema carcerário.
A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito. Caso seja formalmente denunciado e condenado, Oruam pode enfrentar até 18 anos de prisão, de acordo com a soma das penas dos crimes imputados.
A prisão de Oruam mobilizou fãs e artistas. MC Poze do Rodo foi um dos primeiros a se manifestar, classificando o caso como “perseguição” aos funkeiros. Filipe Ret também defendeu o colega: “Ele não é perfeito, mas ninguém é. Tenho certeza que ele é um moleque diferenciado, de coração puro”, escreveu.
A hashtag #MCNãoÉBandido voltou a circular nas redes, levantando o debate sobre o preconceito com artistas periféricos e a criminalização do funk.
Oruam segue preso preventivamente enquanto o caso é investigado. O episódio escancara mais uma vez o conflito entre a arte periférica, a abordagem policial e o debate sobre o tratamento dado a artistas negros e jovens da favela no Brasil.
Enquanto a Justiça define os próximos passos, o país acompanha com atenção um dos casos mais polêmicos do funk nacional em 2025.
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