O rapper, cujo nome é Marcos Fernandes, falou sobre sua conexão profunda com o RAP e como esse estilo musical desempenhou um papel transformador em sua vida.

A infância difícil e a conexão com o RAP

Dexter relembrou sua infância em Diadema, vivida em condições de extrema dificuldade. “Cresci num barraco de pau dividindo um quartinho com minha mãe, ratos e baratas. O lance era bater de frente mesmo”, contou, descrevendo uma realidade de luta constante para sobreviver. Foi nesse cenário que a música começou a fazer parte de sua vida.

Apesar de ter crescido ouvindo diversos gêneros musicais, foi nos anos 1990 que Dexter encontrou no RAP um reflexo das suas vivências. O ponto de partida foi o som dos Racionais MC’s, com a música “Pânico na Zona Sul”. Segundo ele, essa faixa foi um divisor de águas: “Acendeu uma luz no quarto escuro da ignorância em que eu vivia”, revelou o rapper. A partir daí, o RAP não foi apenas música – tornou-se uma linguagem que dialogava diretamente com sua alma.

O RAP como guia e inspiração

Em uma declaração impactante, Dexter afirmou que o RAP foi como o pai que ele nunca teve. “O RAP sempre trocou uma ideia comigo, era o pai que eu não tinha”, disse. A música foi sua escola, sua bússola moral, e uma ferramenta poderosa para transformar o ódio e a revolta em arte e resistência. Por meio do RAP, Dexter encontrou um espaço de expressão onde podia expor sua realidade, suas dores e suas reflexões sobre o mundo ao seu redor.

A influência de Racionais MC’s e o início da carreira

Dexter começou a cantar RAP inspirado por ícones do gênero, como os Racionais MC’s, que abordavam em suas letras a dura realidade das periferias brasileiras. Ele viu na música uma maneira de se conectar com outras pessoas que viviam experiências semelhantes às suas. Sua trajetória começou a ganhar força ao abordar em suas próprias composições o cotidiano da periferia, as desigualdades sociais e os desafios enfrentados pela juventude negra.

Um legado de resistência

Hoje, Dexter é um dos grandes nomes do RAP nacional, conhecido por suas letras contundentes e por ser uma voz ativa em prol da transformação social. Sua trajetória inspira milhares de jovens que, como ele, encontram no rap um espaço de resistência, empoderamento e esperança.

Dexter não apenas fez música – ele transformou sua vivência em uma mensagem poderosa que ressoa em todo o Brasil. O rap, que foi um guia em sua vida, agora é o meio pelo qual ele guia outras pessoas, mostrando que é possível superar adversidades e transformar a dor em arte.

A entrevista ao No Tom é mais uma prova da autenticidade e do impacto que Dexter tem na cultura do RAP nacional, e sua história continua a inspirar gerações dentro e fora das periferias.